Estamos em Outubro de 2022, tal como já tínhamos mencionado em artigos anteriores a atual conjuntura social, política e económica está de facto a pressionar os preços em algumas localidades, e confirma-se tal como prevíamos, por exemplo Lisboa já desacelerou e os preços estão a cair.
Parece que os potenciais compradores já não estão tão disponíveis e interessados em pagar preços tão elevados, ainda assim, os preços medianos em Portugal continuam de uma forma geral a aumentar.
“No 2º trimestre de 2022, em sete dos 24 municípios com mais de 100 mil habitantes os preços desaceleraram, destacando-se Lisboa (-6,1 p.p.). Em sentido oposto, a taxa de variação homóloga aumentou em seis dos 11 municípios com mais de 100 mil habitantes da Área Metropolitana de Lisboa, evidenciando-se Loures (+8,8 p.p.). Na Área Metropolitana do Porto, observou-se também um aumento da taxa de variação homóloga em quatro dos seis municípios com mais de 100 mil habitantes, destacando-se o Porto (+9,2 p.p.) e Matosinhos (+5,3 p.p.).” Fonte INE:(Instituto nacional de estatística)
E qual é a expectativa perguntamos novamente?
A expectativa e informação diariamente difundida pelos vários meios, é que há uma vontade em medir esforços nos vários sectores, para serem adotadas medidas onde se consiga um controlo abrangente de forma a equilibrar a lei da oferta e da procura, pressionando por exemplo a procura com o aumento das taxas de juro, (de forma que os preços ajustem e não “rebentem”) e tentando que se mantenham as transações junto dos que realmente ainda conseguem comprar e retrair a oferta a grupos de maior risco, tentando ao máximo que estes grupos não entrem em incumprimento. A grande dúvida é se todas as medidas serão suficientes.
O BCE já tinha estimado uma quebra geral de preços na zona euro em cerca de 9% devido aos aumentos das taxas de juro, vamos ver se assim se comportará o mercado em Portugal.
A realidade é que em Portugal o endividamento das famílias é superior a grande parte do resto da europa, e a disponibilidade de liquidez e poupança, menor, por isso, o nosso país de uma forma geral é mais permeável a incumprimentos e quedas abruptas no mercado.
Já se verifica uma enorme retração ao nível da disponibilidade de concessão de crédito, e no mercado interno até as famílias que ainda conseguem avançar estão já a retrair-se no que diz respeito à troca de casa, seja porque estão com medo do futuro ou porque estão a aguardar para ver se os preços caem.
Então isso quer dizer que os preços vão mesmo cair?
Não forçosamente, a construção nova continua a ser insuficiente ou a preços que o mercado interno não pode pagar. Tudo vai depender de como se irá comportar e aguentar o mercado em geral e os vários segmentos do mercado imobiliário, como empresas e inclusive a venda de nova construção e a sustentabilidade financeira de alguns promotores e construtoras, também o mercado de luxo e até os compradores não residenciais vão impactar. Mas é especialmente este último mercado (Não residencial) que está a definir a expectativa de que os preços não vão cair. E são cada vez mais diversificados os compradores estrangeiros, com vários níveis e tipos de investimento que pretendem fazer desde a habitação ao investimento comercial, logística e até terrenos com capacidade para desenvolvimento de projetos renováveis e de sustentabilidade energética.
Neste último trimestre a procura de Portugal e de investimentos por americanos aumentou exponencialmente e não só, Brasil, França, Reino Unido, Suíça Alemanha, Países Baixos são países que continuam com um alto interesse em Portugal para investimento imobiliário. A própria guerra pressiona a migração dentro da europa, levando a que famílias com mais capacidade financeira, optem por trocar de pais, para se sentirem mais seguros e passam assim a procurar países democráticos, mais seguros para viver e o nosso país neste momento está facilmente nessa lista como uma ótima opção para estas famílias, por diversos fatores.
Mas as variáveis estão em constante alteração e são muitas, por isso, teremos que nos manter a par dos desenvolvimentos e estar atentos.
